“LEVANTOU-SE E FOI... SEGUNDO A PALAVRA DO SENHOR”
Jayro Gonçalves
Não há
expressão mais adequada para descrever a fidelidade de alguém na obra do
Senhor. Mas, no caso, essa fidelidade teve antecedentes dramáticos.
Refere-se
ao profeta Jonas, profeta que se tornou notório pelas peculiares circunstancias
que envolveram a sua vida.
Embora
sendo o livro de Jonas um campo de batalha ao cristicismo destruidor do
modernismo, a veravidade do seu empolgante e emocionante conteúdo evidencia-se
a luz dos próprios fatos históricos.
Leias-se
II Reis 14: 25: “Restabeleceu ele (Jeroboão II) os termos de Israel, desde a
entrada de Hamate até o mar segundo a palavra do Senhor, Deus de Israel, a qual
falara por INTERMÉDIO DO SEU SERVO JONAS, filho de Amitai, o profeta, o qual
era de Gate- Hefer”.
Jonas
iniciou sua atividade profética quando Eliseu terminava a sua. Antigos eruditos
judeus opinam ter ele sido o filho da viúva de Arefate, que Elias ressuscitava.
Uma de
suas profecias foi preservada, como vemos em II Reis 14: 25-27, o que prova ter
sido um profeta acreditado e de experiência.
Não era,
pois, um neófito quando o Senhor o chamou para a grande missão gentílica:
“Dispõe-se, vai à grande Cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua
malícia subiu mim.” (Jonas 1: 2).
Nínive era
um grande campo missionário, carente da mensagem do Senhor. Tendo cerca de 95
quilômetros de circunferência, cobria uma área aproximada de 500 quilômetros
quadrados, com uma população de 600.00 pessoas.
Jonas foi
mensageiro escolhido pelo Senhor para a grande missão!
Eis que,
então, acontece o inesperado: Jonas recusa-se a obedecer ao chamado do Senhor!
Falo consciente e deliberadamente, assumindo atitude ostensivamente rebelde!
Fugiu da
presença do Senhor, como se isto fosse possível!
Foi
sobremodo leviano, apesar de sua larga experiência como profeta.
Qual a
razão de sua desobediência ao Senhor? Afinal, tivera ele já outras missões que
cumprira com fidelidade e sucesso.
Não por
covardia. Há no livro provas à sociedade de sua coragem pessoal.
Também não
foi por não simpatizar-se com “missões estrangeiras”.
Nem ainda
por considerar a sua honra de profeta.
O motivo
que o levou à desobediência ao chamado do Senhor, nessa ocasião, foi o seu
falso patriotismo. A Assíria era a grande inimiga de Israel e Jonas pretendia
deixa-la perecer nos seus pecados para que Israel ficasse livre de seu velho e
pertinaz inimigo. Se lá fosse pregar na vontade do Senhor, levaria o seu povo,
em dúvida, à salvação e à sua preservação, o que ele queria evitar a qualquer
custo.
A verdade é que os esforços humanos
não podem impedir a realização dos propósitos da graça de Deus.
O Senhor
Jesus disse aos fariseus que queriam calar Seus discípulos: “Asseguro- vos que,
se eles se calarem, as próprias pedras clamarão.” (Lucas 19: 40).
As
consequências dessa sua atitude desobediente e rebelde foram trágicas.
Fugindo do
chamado do Senhor, quando prometeu fugir da Sua presença, começou a descer até
a incômoda e dramática situação em que se encontrou, sozinho e desesperado.
Primeiro
desceu para um navio pretendendo ir “para longe da presença do Senhor”! (1: 3)
Depois
desceu para o porão do navio, onde se deitou “e dormia profundamente”! (1: 5)
A seguir,
desceu para o fundo do mar, ao qual foi lançado para que evitasse a catástrofe
que se delineava a vista da intervenção do Senhor trazendo grande tempestade,
estando navio para se despedaçar! (1:
15)
Finalmente
desceu para o ventre de um grande peixe, onde ficou três dias e três noites!
(1: 17)
Assim
acontece com todos os que se rebelam contra a vontade do Senhor,
desobedecendo-Lhe ao chamado para o serviço, seja por recusar fazer, seja por
pretender fazê-lo de forma diversa ao Seu programa!
A descida
acontece até levar o rebelde a desobediente às profundezas do caos.
Quantas
vezes, à semelhança de Jonas, confiando em nossa própria sabedoria e seguindo
os nossos preconceitos e ideias pessoais, obstamos a realização dos planos do
Senhor por nosso intermédio e criamos as situações mais esdrúxulas para nós
mesmos e prejuízos aos que carecem do ministério indicado pelo Senhor e por nós
recusado!
Felizmente,
Jonas aprendeu, nas profundezas escuras do seu total isolamento, a lição que
tinha que seguir. Arrependeu-se, confessou o seu pecado ao Senhor orando com
grande contrição.
O Senhor
ouviu-o e o restaurou a terra.
O Senhor
queria usá-lo, apesar do seu fracasso.
Mas é
melhor quando, errando, sabemos reconhecer o erro e buscamos a graça do Senhor
para a restauração necessária, com a confissão sincera de nosso erro a fim de
nos restabelecermos para o uso do Senhor na Sua vontade!
Foi o que
aconteceu com o profeta Jonas.
O Senhor
não o substituiu na missão que tinha entre os ninivitas.
Esperou a
sua restauração para usá-lo na dócil atitude de obediência a Sua vontade.
Surge,
então, novamente o mesmo chamado:
“Veio
à palavra do Senhor segunda vez a Jonas, dizendo: Dispõe-te, vai a grande
cidade de Nínive e proclama contra ela a mensagem que eu te digo. LEVANTOU-SE,
pois, Jonas, e FOI a Nínive, SEGUNDO A PALAVRA DO SENHOR” (3: 1- 3)
O Senhor
não admite que qualquer serviço seja feito fora da Sua soberana Vontade e com a
disposição integral da nossa vontade em aquiescer ao Seu chamado.
Esse
episódio histórico de grande e edificante conteúdo tem-nos inspirado à adoção
de relato da atitude de Jonas restaurado como lema de IX ENCONTRO MISSIONÁRIO,
promovido pela IDE a se realizar em São Pulo, o dia 21 de abril deste ano
(1983), às 14 horas:
LEVANTOU-SE...
E FOI... SEGUNDO A VONTADE DO SENHOR.
Essa
expressão sugere três preciosos pensamentos, ligados à atitude correta perante
o chamado do Senhor:
1 – “Levantou-se” – Essa ação revela a
necessária DISPOSIÇÃO integral do servo que o Senhor chama.
Essa
disposição decorre de três aspectos da atitude pessoal assumida perante o
chamado:
a-
Sintonia
constante com o Senhor. (Hebreus 12: 1)
b-
Pronta
submissão ao Senhor. (Atos 16: 7- 10)
c-
Preparo
contínuo na Palavra do Senhor. (II Timóteo 2: 15)
2 – “Foi” – Essa ação revela o indispensável
DESPRENDIMENTO total.
É a
característica do verdadeiro discípulo em serviço dedicado ao Senhor.
O Senhor Jesus
Cristo enfatizou os três aspectos do verdadeiro desprendimento em Lucas 9: 23:
a-
“Negue-se
a si mesmo” – Renúncia de si mesmo, de suas idéias e de seus interesses.
b-
“Cada
dia tome a sua cruz” – Rejeição das condições e vantagens do mundo e saber
suportar a rejeição do mundo.
c-
“Siga-me”
– Rendição incondicional.
3 – “Segundo a Palavra do Senhor” – Temos ai
a imprescindível DEPENDÊNCIA completa do Senhor.
Essa
dependência resulta de três aspectos de atitude assumida pelo servo chamado:
a-
A
compreensão de que o SENHOR é tudo para ele. (João 15: 5; Filipenses 1: 21;
Gálatas 2: 20)
b-
A
compreensão de que o SENHOR possui tudo o que precisamos para capacitar-nos ao
serviço (Filipenses 4: 13)
c-
A
compreensão de que tudo é para o SENHOR (Colossenses 3: 22- 24; I Coríntios 10:
31)
Aí temos
algumas idéias que definem bem a atitude de quem ouve e pretende aceitar o
chamado do Senhor.
Que
saibamos, em nosso ministério, agir sempre despidos de qualquer preconceito
pessoal, discernindo bem a vontade do Senhor no Seu chamado e não Lhe recusando
a disposição de ser usado como e quando Ele nos queira.
Assim
faremos LEVANTANDO-NOS E INDO SEGUNDO A VONTADE DO SENHOR!
A mensagem
nos é dado pelo Senhor.
Não
faltemos como instrumentos adequados à obra que o Senhor quer realizar!